por Marina Aemi Sesarino

domingo, 27 de dezembro de 2015

Amar

"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar."
(Machado de Assis em Ressurreição)


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Sobre um vazio

Infelizmente, desconheço a autoria desses lindos quadrinhos. Acho que minhas palavras são insuficientes para descrever a beleza nessa pequena história que tanto encantou a mim e a outras pessoas. Deixo aqui, portanto, para ser admirada, apreciada e trazer boas reflexões a todos os que a virem.

Voltando ao meu Recanto

   Depois de quase 3 anos sem entrar no blog (devido à correria dos estudos), finalmente pude voltar. Inicialmente, não fazia ideia do que escrever. Entretanto, lendo alguns textos antigos, encontrei um no qual eu falava sobre como, muitas vezes, tenho dificuldade em COMEÇAR  a escrever, mas também como, depois de começar, as ideias fluem sem parar. Então criei coragem e comecei a escrever esse texto.
   Quando pensava em voltar para o blog e reler minhas postagens antigas, confesso que me sentia um pouco envergonhada. É a mesma sensação que algumas pessoas sentem ao ver fotos antigas ou reler diários, por exemplo. Relendo meus textos, realmente me senti um pouquinho (ou mais que isso) constrangida, pois, apesar de 3 anos parecerem pouco tempo, podem fazer alguma diferença na vida de algumas pessoas. Mesmo achando que eu era muito "melosa" e excessivamente "poética" em meus textos, resolvi mantê-los aqui, pois fazem parte de uma fase de minha vida, um pouco do que eu fui, portanto, fazem parte de mim. Apenas mudarei algumas coisas no blog, como, por exemplo, a assinatura "resgatado da alma de Marina Aemi Sesarino" e a descrição do blog, para adequar ao meu eu atual. Algumas coisas ainda irei manter, como, por exemplo, o nome do blog e o design (pelo menos por enquanto).
   Bom, mas é claro, ainda sou a Marina Aemi, ainda quero ser pediatra e ainda tenho amor à medicina. Ainda penso na vida do próximo acima de qualquer dinheiro ou outro valor material. E ainda gosto muito de escrever. Por isso, voltei! Eu tinha uma personagem chamada Anita, que apareceu em 2 textos publicados no blog, antes de eu me alienar aos estudos, e antes mesmo de eu ouvir falar sobre a cantora Anitta. Ainda não sei o que farei com a pobre menina, pois, além de estar "esquecida" há muito tempo, agora, inevitavelmente, seu nome remete à cantora, o que pode interferir naquilo que eu gostaria que minha personagem passasse aos leitores. Não é uma crítica à cantora, longe disso, mas eu gostaria que a minha personagem fosse construída aos poucos na mente de quem lesse meus textos. Essa construção começaria pelo nome, um nome que não fosse tão comum e que não estivesse nas mídias, para não remeter a outras pessoas. Talvez eu crie outra personagem de personalidade semelhante, porém com um nome diferente. Mas, também, ainda é possível que eu continue com a Anita, pois ainda gosto do nome e, para mim, ainda combina com minha personagem.
   Bom, por enquanto é isso. Espero que eu consiga escrever mais a partir de agora e que melhore cada vez mais na escrita e no conteúdo. Não vou dizer que espero ter mais tempo para escrever, pois, apesar de realmente querer isso, não será possível devido à faculdade (SIM, eu passei em medicina!) e outras atividades que adotei e ainda adotarei para mim. Tentarei ao máximo sempre publicar algo aqui, quem sabe até mesmo relacionado à medicina! Acho que, aos poucos, encontrarei um propósito adequado para este blog, e assim direcionar melhor os meus textos. E espero que agrade a muitas pessoas! 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Aos olhos de uma criança

Às vezes parece que as pessoas perderam a admiração pelo mundo. Na verdade, elas perderam realmente. Eu digo que perderam porque todos já tivemos, um dia, uma grande admiração por tudo o que está ao nosso redor. Tudo mesmo. Não se lembra? Observe um bebê. Veja os olhos dele arregalados observando as pessoas, as árvores, os carros e as próprias mãos. Veja como os bebês, impressionados, olham um cachorro. O mundo é novo para eles; tudo é novo.
(...)


Continuação em: http://olhosalados.blogspot.com/2012/02/foto-marina-aemi-sesarino-as-vezes.html

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Costurando Palavras

Foto: Marina Aemi Sesarino
Vim regar o meu recanto para ver se ele floresce. Com palavras que transbordam de mim e preenchem meu vazio; com sentimentos que brotam de algum lugar da minha alma e que crescem à medida que escrevo.
Os frutos ofereço a todos que quiserem experimentar e usar as sementes para plantá-las em outro lugar.
Vou costurando palavras, formando um tecido estampado de sentimentos; e compartilho com vocês essas vestes para que provem.
Escrever é isso.  É misturar sentimentos com pensamentos, juntando as letras como miçangas em um colar, e costurando cada palavra cuidadosamente. É oferecer aos outros a sua criação e despertar neles tudo aquilo que dormia. Escrever é acordar, é cultivar, é compartilhar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Insônia

   Mesmo caindo de sono, Anita não conseguia dormir. O calor infernal a impedia de fazê-lo. Sua pele suava e coçava. Irritada, tentou desgrudar os cabelos do pescoço, ambos suados, mas foi em vão. Já havia chutado o lençol para o chão e se revirava na cama, tentando achar uma posição confortável. A boca e a garganta estavam muito secas, mas ela relutava em ir à cozinha pegar um copo d'água. Além disso, o tic-tac do relógio a atormentava profundamente. Agora os ponteiros marcavam quatro horas da manhã. Quanto mais olhava o relógio, mais nervosa ficava. Isso era comum de acontecer, e em dias de aula era pior ainda, pois sabendo que tinha um horário para acordar, de manhã mesmo, a ansiosidade aumentava e aí sim que ela não dormia. Ainda bem que era sábado e não teria aula. Mas os acontecimentos do dia repassavam em sua cabeça contra a sua vontade e também contribuíam para que não dormisse; A conversa séria que o pai tivera com ela sobre uma possível mudança para uma casa menor, pois não estava dando conta de pagar o aluguel; o boletim,  que antes vinha com notas tão boas, agora ameaçava reprová-la de ano; e ainda tinha a mudança de colégio. Ela realmente não se importava muito em sair de lá, pois não gostava e nem detestava o colégio, do mesmo modo que era indiferente à maioria dos colegas. Apenas ia para as aulas e estudava, nada de mais. O problema mesmo seria enfrentar um colégio novo, com pessoas e professores novos. Onde ela estudava agora conhecia todos da sala desde pequenos e eles haviam aprendido a respeitá-la, a respeitar seu silêncio e seu mundo fechado, sem querer invadir sua privacidade e aceitando o fato de ela não interagir com eles. Anita não conseguia nem se imaginar estudando com pessoas estranhas que viessem com perguntas, querendo saber de sua vida. 
    Dando-se por vencida levantou da cama, sentindo o chão gelado a seus pés, desceu as escadas e foi à cozinha assim, descalça mesmo. Os olhos doeram ao acender a luz e esperou até que se acostumassem, antes de abrir a geladeira. Serviu-se de um grande copo de água gelada e bebeu avidamente, aliviada, sentindo o líquido descer refrescando sua garganta. A louça da janta ainda estava na pia, esperando para ser lavada. Caprichando no detergente, Anita ensaboou cada prato e cada copo a ponto de eles quase escorregarem de sua mão. Olhou o relógio da cozinha: cinco horas da manhã. Ainda bem que era sábado e não tinha aula. Agora ela podia escutar alguns pássaros cantando, apesar de ainda estar escuro. Foi para a sala, abriu a gaveta e pegou o baralho. Sempre que não tinha nada para fazer ela separava o baralho por naipe e em ordem crescente, como se estivesse conferindo se está completo. Ela sabia que estava completo, mas separá-lo era uma coisa que ela gostava de fazer, pois ocupava o tempo e a mente. Aos poucos, enquanto mexia habilidosamente nas cartas, o dia foi clareando. Já havia desistido de dormir, por isso ligou a televisão e deitou no sofá, esperando os desenhos animados começarem. E, em algum momento, Anita dormiu.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Apreciando a vida

   De pé, em frente ao mar, ela olhava o horizonte; os primeiros raios de sol começavam a surgir. O risco laranja contrastava com o azul escuro do oceano, e, um pouco mais acima, o céu começava a ficar roxo.
Fechou os olhos; a leve brisa matinal acariciou seu rosto, balançou seus cabelos e brincou com sua franja. Sobressaltou-se ao sentir, de repente, uma onda gelada cobrindo seus pés. Os pelos da sua nuca se arrepiaram e ela abriu os olhos, a tempo de ver a onda arrastando-se para o mar.
Foto: Luissilveira
   O céu clareava rapidamente e Anita observava, emocionada, as múltiplas cores que se formavam antes que o azul tomasse conta de tudo; anil, roxo, rosa, vermelho, laranja, amarelo. Como se alguém desse pequenas pinceladas no céu. Estreitou os olhos para conseguir enxergar a bola de fogo que se erguia lá longe, e olhou o mar novamente. Estava calmo, maré baixa, mas mesmo assim repleto de pequenas ondas que se quebravam lá longe, nas rochas. Poucas chegavam à areia. Esperou por mais uma que viesse refrescar seus pés. Elas, no entanto, tímidas e sapecas, espreitavam e esticavam-se até bem próximo aos seus pés sem tocá-los, e voltavam para seu lugar rapidamente. A menina então, como que para não assustá-las, cautelosamente deu um pequeno passo à frente com o pé esquerdo  e esperou. Um pequeno pedaço de mar chegou vagarosamente e tocou seu pé de leve, fugaz, e logo voltou. Decidida, Anita deu dois passos grandes, agora ela mesma tocando a água. Satisfeita, fechou os olhos novamente, sentindo o suave calor do sol em seu rosto. A areia abaixo de seus pés, macia, começava a aquecer. Inspirou o ar puro da praia, sentindo o cheiro do sal, da areia; cheiro de praia; segurou por três segundos em seus pulmões, sentindo-se viva, e soltou devagarinho, saboreando cada pedacinho de ar que saía.
   Ela sentia os quatro elementos juntos: o mar, a areia, o sol e o ar. E nada mais importava. Como se todos os seus problemas tivessem ido embora com as ondas. Que importavam as brigas dos pais, o aluguel atrasado e as dificuldades no colégio? Ela estava na praia e estava vivendo. Em contato com a natureza e sentindo a presença divina, que importava o resto? O sol que aquecia sua pele, o mar que a refrescava, a areia que acomodava e o vento que brincava. Abrindo os braços, ergueu a cabeça e abriu novamente os olhos, olhando o límpido céu que agora estava totalmente azul, com poucas nuvens brancas que pareciam pequenas ovelhas brincando. Ela podia sentir a natureza e podia ver. O oceano agora verde-esmeralda, o céu azul, o sol amarelo, as nuvens brancas, a brisa, a água, a areia... E então sorriu. Estava viva.